Análise de como I May Destroy You e Better Things trazem histórias e representações que, atravessadas pelas identidades de suas criadoras-roteiristas-protagonistas Michaela Coel e Pamela Adlon, sustentam um certo nível de autonomia narrativa (MENDES, 2008) ao recusar padrões tanto representacionais quanto textuais e estruturais ropagados pela indústria televisiva americana e suas
produções hegemônicas.

Pesquisa do fenômeno da autoficção nas séries de TV, e quais discursos, valores e demandas socioculturais catapultaram seu espraiamento. Com um levantamento de 90 séries semi-autobiográficas, o trabalho aborda a diferença de autoria e tema entre as primeiras obras, do século passado, e as de 2010 em diante. Aponta uma nova corrente narrativa: as semi-autobiografias ltrapersonalistas, focadas na identidade, ociabilidade, trabalho, relações interpessoais e aspectos cotidianos e íntimos de seus protagonistas – abordando pautas como sexualidade, puberdade e saúde mental, que foram historicamente constrangidas ao lócus privado. Se debruça então nas séries Better Things e Master of None, investigando suas estratégias narrativas, estéticas realistas e representações. Abordando a validação biográfica, o texto debate como as autores das séries rompem estereótipos e protocolos narrativos propagados pela indústria ao fundamentar suas roduções nas subjetividades de grupos identitários historicamente invisibilizados.

Repleto de simbolismos e representações humanizadas e heterogêneas, o filme de Mendonça retrata como as pessoas dessa pequena comunidade encontram no apoio um do outro uma maneira de sobreviver e prevalecer em um Brasil que desumaniza e renega aqueles que se encontram fora dos eixos centrais de sua economia. A maneira como é construída a figura do Professor da escola do vilarejo e o respeito que os
habitantes de lá demonstram ao mesmo; a cena em que Domingas, a médica do vilarejo, renega os medicamentos com potencial sedativo que o prefeito do município envia para os habitantes e todos seguem suas instruções ficando longe das drogas; a partilha de
maneira igualitária e respeitosa dos poucos (e, por ezes, vencidos) mantimentos que chegam ao vilarejo: a todo momento, enxergamos a recusa dos habitantes de Bacurau de se renderem a uma “descoletivização da ação”.

Análise de como a dinâmica de tensionamentos entre cargas cômicas e dramáticas, que é intrínseca à dramédia, causa impactos diretos na tipificação cômica da protagonista de Girls e em sua jornada. As especificidades textuais da dramédia refletem também em sua estrutura narrativa, tônus, e sua aliança de tramas episódicas e serializadas.

Neste artigo, analisamos a relação estabelecida entre a Netflix e os usuários do serviço de streaming nos sites de redes sociais mantidos pela empresa, a partir de um olhar sobre o uso do chamado “capital emocional”. Mais do que simples consumi-dores, os assinantes demonstram comportamentos e formas de abordagem que se assemelham a práticas normalmente identi-ficadas com o universo dos fandoms. A empresa, por sua parte, também lança mão de uma série de mecanismos de aproxima-ção que vêm sendo caracterizados como apelo a esse tipo de capital, por meio de uma mobilização de aspectos relativos ao universo dos fãs de série. Analisamos a estratégia da empresa e o engajamento desses consumidores-fãs no contexto de um mercado televisivo extremamente competitivo e marcado pelo alto consumo e circulação de ficção seriada.

Muitas características dos desenhos animados – especialmente as técnicas e seu modelo de produção – motivam desde seu surgimento a discussão acerca do seu potencial artístico. Esse fenômeno foi potencializado com a popularização da televisão como espaço naturalizado de veiculação dos desenhos. Em função disso, a proposta deste trabalho é fazer um breve histórico da consolidação do desenho animado como produto televisivo e, portanto, aparentemente distante dos ideais artísticos, tendo como foco a análise de “The Legend of Korra”, veiculado pela Nickelodeon, no sentido de entender de que maneira a troca do estúdio de produção desse desenho evocou um debate que tem em seu cerne fenômenos historicamente construídos em torno da dicotomia “arte” x “não arte” na cultura audiovisual e, em especial, nos desenhos animados.